segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Monólogo.

Um dia um velho moço olha pra ela e diz:
_ Você tem que aprender a viver com a solidão!
Ela recosta o olhar sobre a mesa branca e se sente só, pois não sabe viver assim.

Um dia um moço olha pra ela e diz:
_ Você nunca se sente só, você tem a você mesma!
Ela recolhe o olhar, libera um sorriso e pensa "Como? Eu nem sei quem sou!?"

Um dia um Velho Bruxo nem ao menos a olha. Ou olha, porque vê mais fundo. E lhe diz:
_ Você me faz sentir acolhido, sem a solidão, por eu querer você, por eu me doar para você, por eu ter amor a dar, por eu te amar sem te ver, sem te tocar, apenas amar. Você acredita?!
Ela brilha o olhar que ele não pode ver, e dessa vez diz:
_ É porque o amor tem dessas facetas. É amor por não ter tempo nem espaço, nem hora nem lugar. É amor por juntar e nunca separar mesmo que nunca juntos ou nunca longe. O Amor é assim. É amor...

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Le Desír""



Chega bem manso e se aconchega em meu peito.
Chega de leve e atormenta a alma e o pensamento.
Fere quando a boca cala e assopra quando o olhar abraça.

Vejo tão manso e cansado em meu leito.
Suave brisa guarda esse momento.
Mastiga o gozo quando a coxa abarca o sentido do bem querer.

Abra os olhos e eu me deito.
Abro os lábios na tortura, no lamento...
Suga o néctar da flor da minha tara, do meu desejo.

Enlaça o segundo que é eterno.
Solta as horas para o meu deleite.

Permita que eu me enfeite desse tanto que é tão pouco para quem quer passado e presente.
Para quem não quer futuro além de um segundo.
Para quem só quer o agora e não o talvez.

Para que a centelha não se apague.
Para que a flor não seque.
Para que a boca não feche.
Para que a coxa abarque.
Para que esse Hórus em mim permaneça, aqueça, transcenda e anoiteça, com você dentro de mim.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Retalhos.



Quando a gente está assim, só, sozinho de alguém fixo, tudo parece ressaca. A cabeça pesa, as ações vem em câmera lenta, um astronauta pisando em um mundo distante. O corte dos cabelos não agrada, a cor da pele não agrada, as medidas não agradam, maquilar-se não agrada. Mas surgem possíveis 'affairs', que me aceitam como sou, com medidas de corpo e mente. Que me desejam como um pedaço de suas vidas. Mas decidi não me envolver, e não sofro. Não sofro porque amar já me é desgastado, acostumei-me a viver de paixões. Não que eu tenha perdido a vontade ou a esperança no amor, eu amo, mas amo os amigos, familiares... Apenas deixei coisas de lado para que me amem primeiro antes que eu doe o meu amor.
Já ouvi algo sobre eu estar apaixonada. Já tentaram me obrigar a atos sem sentido. Já ouvi um eu te amo explícito e sem culpa, numa voz de tenor com sotaque de Itapuã, deste ouvi um silêncio também, um silêncio nada constrangedor, um silêncio que permitia a imaginação viajar e tocar-lhe os lábios ainda não conhecidos. Já ouvi reclamações por doerem-se em indiretas, reclamações da boca que um dia disse que me queria desde sempre, desde que viemos ao mundo. Ouvi um obrigado daquele que um dia amei com todas as forças, que hoje é parte de mim mas não sei descrever que parte. Não ouvi nada do de sempre, há muito não o ouço, não o vejo, e não me incomodo, porque há década é assim, depois ele aparece quando eu preciso e não preciso dizer porque precisava.
O corpo cansado de tanto trabalho, a mente cansada de tanto o que não pensar, o coração descansando por ter por quem palpitar, a alma vibrando por saber que mudanças boas virão, os olhos marejando por falta de sono, ou melhor, por falta de descanso, as mãos descuidadas, os pés descuidados. A vida precisando que se cuide, a saúde necessitando de atenção. Eu precisando de um canto só meu, de uma cama minha, de um jardim meu, de um amigo meu, de um colo, um afago.
Caminhadas serão muitas. Naufrágios espero que também muitos, mesmo que sejam nas palavras de Marco, e são tão melhores e mais reflexivos quando em suas pílulas. Com ele aprendi a ser bobo, a beber o mundo em goles com pílulas de mudá-lo, de saber que ele está aqui dentro de mim sem nos vermos. Aprendi que minha voz é samba com Pc, que as curvas da voz atraem mais que as curvas do corpo. Aprendi que eu sou importante para alguém com Rafael, ou seria com o Gabriel...? Com esses dois arcanjos que me guiam na forma de um só homem, de um só amigo, um que supre a falta de muitos. Aprendi com Rafaela que as cervejas de fim de semana se estendem pela amizade para toda a vida, que as palavras não são nada perto do que sentimos, do que vivemos e do que ainda viveremos. Soube com minha avó que os cheiros no cangote, os apertos e os apelidos são para me fazer entender que a vida é uma colcha de retalhos, e só é bonita e aconchegante a depender dos pedaços que se coze. Aprendi com Duh que os irmãos que escolhemos para nós podem ser bem mais amados e nos amar bem mais que os gerados em mesmo ventre. 
Estou aprendendo que as idades, as diferenças, as distâncias, os anos que pensamos que nos afastassem de algo ou alguém são só caminhos para que a gente perceba que sempre pertencemos àqueles pelos quais passamos pela vida e estes nos pertencem por terem se tornado parte de nós. 
A minha meta a ser alcançada é o naufrágio, mesmo que em plágio (precisei disso Marco), e a percepção de minha bobice perante a vida, abandonando a minha tolice, sem me importar se ando de bicicleta, se gosto de azul e verde e odeio rosa, apenas acocorada de olho no horizonte sem modorrar diante da vida.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

El(a)

É assim como ter, o ser...
É assim do que vem e vai, do que chega e fica e eu quero afastar...
É assim, o olhar agora não mais de paixão, de amor de água limpa...
E se confunde com meus olhos de gude...
Não é amor que neles há, 
É tesão, luxúria, um quê gostoso de existir...
É meninice, coisa séria, é brincadeira de pega-pega...
Ele agora é assim, e tirou de mim o presente com gostinho de futuro...
Foi bom enquanto está aqui... é bom enquanto estiver por perto, mas tirou de mim a possibilidade de amá-lo...
Me colocou como faca em meu próprio buxo, como lâmina em minha própria carne...
O amor é mais pra mim que pros outros....
O desejo é de desejar-me cada dia mais...
Para o leigo o livro...
Para a virgem a cama...
Para o o talvez amor, a pessoa amada, que não será eu!

Ele(a)²

É um enjoo de tudo, de todos. Não quer abrir os olhos, seja para ver o breu ou a luz. Quer deitar, sentir carícias no corpo, sentir uma brisa, ouvir uma voz acolhedora. Não pretende ouvir 'eu te amo', quer ouvir apenas o silêncio, o silêncio que se faz no coração e na alma quando sente-se acolhida. Ela quer voltar um tempo que não mais volta. Um passado longe que no presente a desnorteia por ter um saborzinho de futuro.
Os braços já não são mais os mesmos, a pele não mais tão vistosa, os cabelos já não tão claros nem longos. O brilho dos olhos voltou, o sorriso e a vontade de correr também. Veio tudo com um desejo adulto, um tesão de cheiros e sabores. Ela, uma lágrima infantil, tentativas adolescentes e o desejo adulto. Ele, os olhos infantis, os medos adolescentes e o desejo adulto. Eles cheios de desejo adulto, de vontade de calar com a língua no céu da boca, de fechar os olhos e abrir a boca num gemido, num apertar de coxas e rasgos de pele. De querer o silêncio que não existe por que há dois corpos em constante movimento, em sincronia perfeita, em balanço equilibrado.
Ela, quebra suas regras, liga, pensa, fica com o cheiro no corpo, sonha. Ele, mantém as regras, adora que ela ligue, pensa e assume que pensa muito nela, não fala do cheiro no corpo, sente cada pedaço do corpo dela, quer tornar realidade.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Ele(a).



Chegou de surpresa...
Não olhou nos olhos...
Ganhou o coração da menina...
Não se importou com os cabelos bagunçados e a inquietude.
...voltou de surpresa,
...olhou os olhos, a boca, os seios...
...Tomou-a pra si, tomou-a em leves goles.
..não se importou com a vida bagunçada, e com a perene inquietude.
São eles novamente, a menina e o menino.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Entrelinhas.

Menina de pé descalço, brinca com a vida e seus percalços.
Lembra da vida boa que levava, quando nada era mais importante que olhar as nuvens e sentir o cheiro da chuva que estava por vir...
Sente na boca o gosto da rosa, das pétalas de rosa que comia escondida na Carioca e a mãe sempre pensava ser formigas. Formiguinha mãe, mãe formiguinha.
Quer estourar os 'baguinhos' da romã e sentir o rosa doce escorrer na boca, pelos cantos da boca, e manchar os dedos. Chupar pitanga madura bicada, arrancar as folhas e esfregar nas mãos e sentir o cheiro da pitanga, mãe pitanga.
O casulo que muito velou e viu vingar... Borboleta desengonçada, amarela neon, subiu em um voo capenga, de uma vida capenga, mas borboleta!!
Os vizinhos desconhecidos, os meninos a jogar bola na rua. Tanto tempo, tanto pouco tempo.
E surge, em palpitações virtuais, um Velho Bruxo, e prende-se, e tropeça, e cai em seu caldeirão, aprendiz, e diz, que a sorve não em taça, mas em piscina, piscinas de amor, amor escondido, amor sem saber se é amor, pois não quis explicar. É aquele amor que sempre existiu porque pensou em inventá-lo, e inventou e agora só divide, dissemina. 
Usa, abusa e se lambuza. É overdose que não mata. É sede que não cessa e não incomoda. É saliva perene. É o sal que não salga a ponto de matar, é a pitada que faltava no caldeirão da aprendiz. É o ontem, o hoje e quem sabe o amanhã. É piegas e erótico. É o são e o cego. A boca e as mãos. A leitura da cigana, o sorvete de flocos que na boca tem sabor pistache. 
É romã, é rosa, é pitanga. E quer estar na boca.

Moça.



O primeiro raio de sol toca a pele. O abrir dos olhos é pesaroso. O levantar da cama é quase impossível.
São novos sons, novos sabores, novos odores da vida. Os sonhos se realizando, o olhar ainda não treinado, a boca ainda não sabe calar, mas os gestos aprenderam a gritar.
Calça suas sandálias moça, põe a fita no cabelo, carmim nos lábios.
 Pinte as unhas de laranja e espere na janela.
Deixe os negros cabelos beijar o vento.
Sinta  beijo das nuvens no olhar de mata. No olhar que mata.
Rode sua chita moça, pinte as maçãs do rosto
Sinta o sol prender-se à pele.
Espere na janela as cores que passam e se despenteie.
Segure a mão à cintura moça, faça cara de esperta, assuste, pule e cale.
Agora tire as sandálias moça.
O chão é firme, a vida brota, agora vem e desabrocha, nesse meu peito que é seu.
Nesse você que sou eu, nesse infinito de mim.
De lábios loucos carmim, que come a vida e bebe o tempo.
E se encha com tudo do bom, e me aflore com tudo de ti.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Via.


Pare de dizer que o certo pode não ser certo.
O errado pode ser o certo, isso é fato.
E o fato consumado não se apaga.
Nem se estraga com meias palavras.

Nem tente me dizer que o certo pode não ser certo.
O certo é o errado que deu certo.
É a cabeça que parou de falar para o coração ouvir.
E não tenta pulsar, apenas faz falhar o pulso.

Não queira achar que sabe que o certo pode não ser certo.
O que deu certo é que eu vivi, e você viveu.
O que eu dispus de mim para você.
O que você me deu e tenta me negar no hoje.

Acredito que o certo pode não ser certo.
Mas é certo que errei, que você errou.
Que o erro foi o acerto no qual as metades se encontraram.
E o encontro foi o certo.

Que pode não ser certa a hora.
Que o encontro antes não certo é agora.
Que a boca calou o que o peito pediu.
Que o incerto é o certo.
Que tudo que é certo é deixar se perder para se encontrar...
E eu tenho o mapa certo!

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Sertão de Aquarela.

Desenho de Marlua de Sousa Correia

A pele seca. Uma cachorra com nome de peixe. Peixe sem água. Peixe grande.
Meninos barrigudos. Olhos fundos, boca de farinha e rapadura.
Mulher de canela fina, de vestido colorido, maltrapilho, branco terra.
Homem de camisa aberta. Botões abertos no peito, puídos abertos no braço, no bolso, no colarinho.
Rasgões de sol abertos na testa, na boca, nos braços, na terra.
Rasgões de cabo abertos na mão, na palma da mão, mão espalmada pedindo clemência.
Olhos que fitam a terra que se abre como se fosse brotar.
Sol que cega os olhos que fitam a terra.
Mandacaru abre os braços num abraço de mãe zelosa.
Abre flor, gera fruto.
Gavião paira o quintal, esperando o burrego.
Olho ao longe e dou tchau.
Mandacaru acena feito mãe saudosa. 
O sol não mais queima e vou embora.
Abro os olhos e vejo uma tela de Romeu, e faço minha própria tela.
Tão perto e longe, é meu Nordeste, de aquarela, sol, carvão e terra.

Logo.

Querer acreditar que tudo vai acontecer. Tentar fazer e não saber... Como?
A necessidade de andar, de sentir o vento no rosto, de sentir um afago nos cabelos, um carinho de colo. Querer acreditar que tudo daria certo.
Chama aquele que a considera prioridade. Sai. Tenta sorrir. Beija. Tenta acalmar. Cheira. Tenta aceitar. Quer sair. Tudo deu errado... ou certo. Quer apenas o silêncio, o olhar que sempre é carinhoso, mas não se olham. Se abraçam sem deixar que os olhos se abracem. Pensa em tudo que viveram, em tudo que não poderia ser diferente, parece que está escrito... jamais se encontrarem como um só, sempre as duas metades vagando, sempre.
Quer correr mais não dá. Quer mostrar que está sorrindo, mas é somente por fora. Quer abraço. Quer carinho. E ouve... "Aprenda a viver com a solidão." E não acredita. Não ouviria jamais algo semelhante daqueles lábios. Lábios que beijara, lábios pelos quais sofrera, lábios que calaram quando tinham que calar, e agora falam quando tinham que calar. Seus olhos de gude cintilam em uma lágrima seca, lágrima que prometera jamais derramar por ele, jamais molhar a face por ele novamente. E os olhos novamente não se abraçam. Sorri. Um sorriso sem brilho, apenas sorri... Movimento de músculos faciais meio incompreendido. Sorri.
Levanta. Sente a mão entrelaçar a sua. Ele a quer, ele sabe que sempre a quis, há uma década ou mais, ele quer ela perto, hoje fala que a ama constantemente sem que ela diga uma palavra de reciprocidade.
Rasgam o asfalto. Calados. Param, se olham, mas os olhares não se abraçam, e dói, e machuca. Beija. Lábios que deveriam calar e que falaram, beijam, lábios de querer e de ir embora. Deseja o bem. Ele rasga o asfalto, olhar baixo, olhar que não abraça, sem jaqueta aberta, sem botões, pois não há camisa, sem afeto. A vida o está fazendo assim. E ela não mais sofre, mas pede pela criança de 'olhar marejado sem haver mar', que 'segura  feito borda de tanque cheio', mas ele não a quis, e por ele sim ela sofreu, um momento que fosse, ela sofreu, vários momentos, por ele ela sofreu. Não queria beijar a boca que não mais cala. Não queria os braços que não abraçam. Queria e quer aquele que tem bochechas de romã, que foge dela desde criança, que a fez feliz, que acha que está pela metade, mas não quer ser inteiro com ela, que não percebeu que está pela metade porque acha que tem que ser inteiro antes de tê-la, que não percebeu que ela é a metade que falta para ser inteiro, que tem medo. E ela deixa seguir. Ela espera que a borda do tanque não ceda, que os olhos a olhem novamente, que as mãos de apertar, o ocre da pele, a romã das bochechas, os olhos sempre marejados, a boca que ela quer beijar, a outra boca que sempre fala mais do que cala, que esta abrace a sua, e que o marejado dos olhos molhe os dias e noites em orvalho, que volte para não mais curar as asas da borboleta, mas para refrescar os pesares, para acalmar o coração, para fazê-la naufragar nos olhos sempre marejados. E ela voa sem Vento, em brisa ou tufão. Um voo mais pesado, mais seco. Mas ela não deixa de voar, mesmo querendo que o Vento vente logo. Ela não para de voar, e quer que o Vento volte logo. Mas segue, querendo o Vento... Logo.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Para hoje.

Era mais uma manhã. Mais uma manhã sem chuva, sem friozinho, sem preguiça para levantar da cama. Nada mais que mais uma manhã. 
Procurou no guarda-roupas e nada lhe serviu. Penteou o cabelo. Água quente correu-lhe da face aos pés. Penteou o cabelo.  Maquilou-se. Penteou o cabelo. Vestiu qualquer coisa. Penteou o cabelo. Calçou os chinelos. Penteou o cabelo. Olhou as horas, muitas haviam se passado e nada se passou em mais que meia hora. Penteou o cabelo. Perfumou-se. Olhou para o espelho. Prendeu os cabelos. Olhou para a cara do Sol. Pediu a chuva. Passou a mão nos cabelos. E se foi.
Andou como nunca, sem tirar os pés do chão. Chegou ao seu destino. A fome. A sede. A dorzinha na barriga pelas duas. Pensou porque não comera. Esperou. Espirrou. Piscou muito. Fez nada. Pensou um pouco. Deu vontade. Parou de pensar. Escreveu. E Fim.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Permanecer.


É a vontade de sentir o gosto.
A saudade de algo que nunca foi.
A vontade que dá para acontecer.
A delícia que surge no pensar "quem sabe"!

A cor que desbotou, que era romã,
A romã do quintal da Carioca, a romã das bochechas do menino dengoso.
Agora ocre, ocre pele, ocre caixa de papelão.. ocre!

Os olhos sempre marejados, marejados sem haver mar.
A lágrima que nunca cai, o brilho verniz que sempre fica,
Brilha feito água de tanque, segura feito borda de tanque cheio.

Boca de gritar "ai", mãos de apertar "ui",
Um infinito de interjeições, numa mente de números.
Um infinito de amor, numa mente de confusões.
Um infinito de encontrar-se, numa mente de perder-se.
Um infinito... um infinito!

São as romãs, das bochechas.
São as águas, dos olhos.
São os ocres, da pele.
São os "ais" os "uis", de nós.
São o infinito, de vós!

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Viela.

E lá vinha ele, aquele que sempre disseram o nome em meio ao seu
E lá vinha ele, aquele que sempre dissera ser sem nome o que era seu
E lá vinha ele.
E lá ia ele, sem a mente aberta, com a jaqueta aberta, sem os botões da blusa
E lá ia ele, com o peito cheio de mim, com os olhos cheios do brilho de mim
E lá ia ele.
E aqui veio ele, sabendo o que não se disse
E aqui veio ele, curando o que não foi doente
E aqui veio ele, beijando a boca que não podia ser beijada
E aqui veio ele, tocando a pele á tanto quente
E aqui veio ele.
E lá se foi ele, rasgando a noite escura e fria
E lá se foi ele, berrando o asfalto para longe de mim
E lá se foi ele, deixando o rastro de bem quereres
E lá se foi ele, para depois voltar
E dizer o nome, e dizer que ama dizendo nada,
Com a jaqueta aberta, sem os botões da blusa, achando que o peito está se esvaindo de mim, brilhando os olhos por estar aqui.
Sabendo o que já sei, curando meus males, beijando sem poder beijar e desejando, tocando quente a pele agora fria.
Para depois ir rasgando a noite fria, berrando o asfalto, deixando o rastro... Para depois voltar.
E  lá vem ele!!