quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Entrelinhas.

Menina de pé descalço, brinca com a vida e seus percalços.
Lembra da vida boa que levava, quando nada era mais importante que olhar as nuvens e sentir o cheiro da chuva que estava por vir...
Sente na boca o gosto da rosa, das pétalas de rosa que comia escondida na Carioca e a mãe sempre pensava ser formigas. Formiguinha mãe, mãe formiguinha.
Quer estourar os 'baguinhos' da romã e sentir o rosa doce escorrer na boca, pelos cantos da boca, e manchar os dedos. Chupar pitanga madura bicada, arrancar as folhas e esfregar nas mãos e sentir o cheiro da pitanga, mãe pitanga.
O casulo que muito velou e viu vingar... Borboleta desengonçada, amarela neon, subiu em um voo capenga, de uma vida capenga, mas borboleta!!
Os vizinhos desconhecidos, os meninos a jogar bola na rua. Tanto tempo, tanto pouco tempo.
E surge, em palpitações virtuais, um Velho Bruxo, e prende-se, e tropeça, e cai em seu caldeirão, aprendiz, e diz, que a sorve não em taça, mas em piscina, piscinas de amor, amor escondido, amor sem saber se é amor, pois não quis explicar. É aquele amor que sempre existiu porque pensou em inventá-lo, e inventou e agora só divide, dissemina. 
Usa, abusa e se lambuza. É overdose que não mata. É sede que não cessa e não incomoda. É saliva perene. É o sal que não salga a ponto de matar, é a pitada que faltava no caldeirão da aprendiz. É o ontem, o hoje e quem sabe o amanhã. É piegas e erótico. É o são e o cego. A boca e as mãos. A leitura da cigana, o sorvete de flocos que na boca tem sabor pistache. 
É romã, é rosa, é pitanga. E quer estar na boca.

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