Ela se entrega em corpo, em mente, mas porque lhe fogem as palavras. Essas que se ramificam em sua língua como serpentes, e que ferem como garras. Essas que latejam como ferimento em pus, e que doem feito faca cega em bucho de gente.
Ela se entorpece de amores, de paixões, de sexo, de luxúria. Mas se enclausura em metáforas, eufemismos.
Ela é onomatopeica, geme, goza, faz, acontece, mas o enclausuramento permanece entre quatro paredes. Ela quer ser a luz da janela dessa noite, quer ser o cheiro da construção, quer ser a água do chuveiro que demora a esquentar, quer ser a toalha que não está lá, quer ser a tatuagem que não consegue ver, quer ser o sorriso que não consegue decifrar.
Ela não transa, faz amor. Ela não berra, fala alto. Ela não enlouquece, perde a cabeça. Ela não xinga, fala com firmeza. Ela é a terceira pessoa do singular, nunca a primeira. Ela não quer ser a par, ela quer ser a ímpar. Ela não é ela, ela sou eu!
Um comentário:
Muito boa, direta e simplória
Postar um comentário