Aqueles dias em que se precisa deitar na grama, sentir o sol queimar a pele, e a água refrescar as queimaduras feitas ao sol; e nem mesmo a pele sentia a queimadura feita pelo sol, pois tudo era mais água, mais puro, mais do que ela precisava.
Saiu com crianças que a pouco encontrara, e brincou, e dançou, e andou, andou, como nunca mais andara, e foi bom. E via que naqueles que nem conhecia havia algo de tão familiar que a fez perceber que tudo era de antes, de séculos antes, de vidas passadas, e que tudo já estava escrito.
Cada dia que acordava entrava em um sonho que a fazia desejar não dormir, para nele permanecer. Mas também desejava dormir, para ter os braços daquele que não entendia ser ou não seu; mas queria ver o riso, a bondade e a infinita maravilha do irmão que sua mãe não gerou.
Dormia e acordava em meio a sonho e realidade. Se sentiu criança ouvindo o barulho da água, sentindo o cheiro de mato, caminhando mais do que suas pernas conseguiam, aproveitando do que era colhido, desfrutando do que lhe era dado, e adorando os cuidados dessas duas crianças que lhe acolheram.
Um índio, um alemão (português), uma só vida, digno de uma nova carta de Pero Vaz de Caminha, ou maior que qualquer história poderia registrar. As duas crianças se aninharam em seu coração e lá permanecerão, pois tudo que viveu é pouco para o que sentiu, para o que viu, para o que ouviu, e para o que ela merecia.
Chega ao fim de uma "narração" tão pouco convencional, e as palavras já não fazem tanto sentido como antes, talvez porque o que passou não fez sentido apenas existiu num tempo em que era bom ser criança, e que não volta, mesmo que tenha se passado não mais que um dia...
Nenhum comentário:
Postar um comentário