Eu fotografei o nosso amor.
Fiz de imagens estáticas um sentimento caudaloso e corredio.
Entrei em mim e arranquei esses farrapos e teias para que tudo estivesse limpo pra você, mesmo depois de tanto tempo.
Eu corri léguas na noite fria para tirar daqui de dentro mais tralhas para que você não tropeçasse quando entrasse em nosso mundo.
Mas não foi o suficiente, você caiu, e eu te segurei, tentei curar as feridas que você disse não doer, mas mesmo assim fiz curativos. Você não quer mais estar aqui, e eu te prendo, te puxo pra mim...
Talvez porque ao jogar tantas tralhas fora, esqueci que havia pedaços esfarrapados de mim, daí joguei porta afora com agulhas e linhas, todos os frangalhos que me fiz.
Me dói sim, saber de tudo o que sente, principalmente depois de me doar você, depois de me fazer acreditar que tudo ia mudar, depois de me fazer calar na minha calamidade.
Dói saber que seus sorrisos são a boca escancarada para outrem. E quando molhado, para mim...
Joguei fora frangalhos de mim, frangalhos importantes de mim, e a culpa não é sua, a culpa são dos frangalhos. Eles não reclamaram, eles não reivindicaram, eles não bateram os pés querendo sair ou querendo ficar, eles entenderam que deveriam dar lugar a outros frangalhos, estes que você me fez e não quer costurar.
Meus frangalhos, frangalhos meus, vão em paz e repousem tranquilos sabendo que cumpriram seu papel, pois aqui dentro já existem mais frangalhos.
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