QUARTO CONTO DOS CORAÇÕES ÉBRIOS
por Marlua
Na festa das caravanas, das lonas coloridas, das fogueiras acesas, acesas nos corações. Era ela, o cântico, a cantiga e as danças. Toda vestida, justa e desnuda. Toda cabeça e tronco firme. Toda ela viajando do Caribe às touradas. A pele alva e pintada, as unhas gastas e assimétricas. Noutro lado a metade inteira. A mistura de homens guerreiros e suas helenas. A boca nua e o sorriso aberto. Na alta noite que se ia. O coração sedento e as veias pulsantes nos braços largos. As fêmeas embriagadas.
por Marlua
Na festa das caravanas, das lonas coloridas, das fogueiras acesas, acesas nos corações. Era ela, o cântico, a cantiga e as danças. Toda vestida, justa e desnuda. Toda cabeça e tronco firme. Toda ela viajando do Caribe às touradas. A pele alva e pintada, as unhas gastas e assimétricas. Noutro lado a metade inteira. A mistura de homens guerreiros e suas helenas. A boca nua e o sorriso aberto. Na alta noite que se ia. O coração sedento e as veias pulsantes nos braços largos. As fêmeas embriagadas.
Toda a festa era em uníssono contra a dança que estava prestes a começar. Toda a festa era boca gulosa a fim de engolir a cigana. Esta por sua vez era boca de comer mundo, era pecado da gula. Fagocitando os olhares e os desejos explícitos em cada gesto. Deglutindo os sonhos descompassados como o toque da percussão. Cuspindo os erros de outrora. Boca de comer mundo.
A surpresa da vinda, da chegada, e mais ainda da inesperada estadia.
Cessaram-se os uivos, os descompassos e a ceia.
Novo encontro de mesmos corpos, novo beijo de mesmas bocas, novo mundo de mesmo Adão e mesma Eva, novo Éden. O asfalto quente, a brisa fria, as mãos e o peso nelas. Ah... E essas mãos querendo passear outros rumos. Esses rumos querendo o mesmo caminho e negando a caminhada.
A tenda esperada. A vergonha do já conhecido, isso até as bocas se reencontrarem.
Era festa da uva. Baco em seu leito e suas virgens.
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