quarta-feira, 25 de julho de 2012

Sertaneja.


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Acordo e vejo a vida em listras preto e branca
E um roçado moreno em meu leito calmo
Uma flor de mandacaru, sombreando o sol que me incomoda.
As coisas mudaram de lugar
Nas laterais da minha visão, a mata.
No chão, as nuvens
Em mim, a chuva
Chuva de desejo e ternura
Mãe terra, Gaia dos meus mais íntimos sonhos
Me gerando em teus braços
Me ninando em abraços
Gata manhosa em minha cama.
Leoa faminta em meu cobertor.
  
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terça-feira, 24 de julho de 2012

O Broto.

Eu quero teu amor fecundo
Quero tua boca de dizer não em um sorriso
Quero teus lábios de dizer sim em um gemido
Quero saber-te tudo, quero beber-te toda
Quero correr-lhe as curvas como um rio
Quero salgar-lhe as coxas como o mar
Quero iluminar-lhe o colo como a lua
E no vasto mundo que me encontro me entregar.

Vem, Flor, desabrochar em meu gramado
Vem, Flor, que eu sou abelha em teu céu
Vem me permitir o mel
Tira-me da boca o fel.
E colore meus dias, meus voôs 

Vem, água benta, ser orvalho em minha manhã
Vem, água benta, pecado de maçã
Vem, água benta, roçando em minha pele 
A pele tesa e macia, o calor e o suor do dia
Permita-me orgias serenas, e amores ardentes
Vem em meu solo, semente, e brote o seu cantar, o seu amor, o seu amar!



quarta-feira, 18 de julho de 2012

Le(ã)oa Minha.


Se foram suas mãos, seus lábios, seus seios que me tomaram não sei. Só sei que senti-me tomada em leves goles, uma taça de vinho transbordando , e seus lábios me contendo e ao mesmo tempo me  derramando.
Toquei sua pele  levemente e  enrosquei meus dedos em seus cabelos. Um leão, um lindo leão me cobrindo com sua pele macia e sua juba sedutora.  Me devorando como uma presa fácil. Fui uma presa fácil, presa entre suas presas.
Me sinto tomada, domada, por essa febre que me entorpece como álcool e estômago vazio. Por esse querer-te feito fome e prato vazio. E esse leito cheio e quente feito colo e cobertor de lã.
Como duas gatas no cio... Felinas, selvagens, rasgando as horas como a pele de um cordeiro, rasgando a noite como seda chinesa nas mãos de Vikings,  sentindo o frio se dissipar pelo fervor de suas coxas, pelo calor de seu íntimo, úmido e firme. E seus movimentos precisos em minhas mãos, em minha língua, numa dança de acasalar.
Olhos fechados, seios me olhando, mãos me apertando, pernas cedendo a mim, ao meu desejo, à minha luxúria, ao meu clamor. Roçando os quadris em meu íntimo, em meu colo, em minha face, em meus pensamentos.
Deslizo as mãos, dedos, lábios... para te encontrar. Sorvo-a em goles largos e demorados. Aprecio seu gosto, sua temperatura e seu suor. No meu leito, raso ou fundo, cama ou chão, claro ou escuro, em pé ou não; o único desejo é tê-la novamente em minhas mãos.

Marlua Sousa
         17/07/2012

terça-feira, 17 de julho de 2012

Meu Desejo é Teu Desejo".


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Quero seus olhos fáceis
Sua boca de chorar
Suas mãos de fazer poesia.
Seu corpo de fazer sinfonia
Seus ouvidos de olhar meus delírios
Suas pernas de deitar o infinito
Teus braços de andar pelo mundo
Teu sorriso de piscar meus momentos
Tua pele de fotografar nosso amor

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segunda-feira, 16 de julho de 2012

J(a)(éh)


Onde estão seus olhos de ressaca?
Onde estão seus lábios de pecado?
Onde está você tão longe de mim?

Queria desenhar acordes nas linhas do teu corpo.
Queria solfejos doces ao pé do ouvido.
Queria o arfar do peito embaixo do lençol.

Lembrar da sinfonia que compusemos na madrugada.
Lembrar do quanto fui teu pão, teu vinho e tua água.
Lembrar do colo quente e cama desarrumada.

Quero mais música, poesia.
Pois em teus olhos leio a face do infinito.
Em teus lábios, um mar profundo.
Em teu corpo, Gaia.
Em você, pedaços de mim.