quarta-feira, 2 de maio de 2012

Aqui Onde Habito.




Quero escrever trovas, compor melodias, pintar quadros, sujar os dedos de massa de bolo, cozer colchas de retalho.
Quero fugir do mundo, fugir do povo, fugir da cama e fugir de mim.
Quero encontrar novos olhos, novos odores, novos abraços, novos lábios, novos falsos amores até encontrar um novo eterno amor.
Quero levantar da poltrona para fazer um filme e não somente assisti-lo.
Quero correr dentro d’água e não me afogar. Afogar-me somente de tédio para que eu tome rumos para acabar com ele.
Quero comer bolo de chocolate e não me preocupar com as medidas.
Quero ser árvore que cresce em direção ao sol, quero ser ave que voa com o vento, quero ser água que corre todo o mundo, quero ser terra para firmar-me em um leito calmo, um leito raso, ou leito profundo e caudaloso.
Quero chuva na janela e chá no bule. Quero lareira e manta de lã.
Quero também água salgada e corpo nu. Sol queimando a pele e  água de coco.
Quero coxas sedentas em montanha fria. Quero lábios frios em cobertor quente.
Quero mãos nas costas em colchão macio. Quero mãos em todo o corpo em rede a balançar.
Quero às vezes tudo. Queria estar escrevendo em folha, registrando à tinta. Queria mais sabores que dissabores. Amar igual a ser amada. Sentir calafrios e continuar sorrindo dos ‘pelinhos’ que arrepiam no braço, na perna. Quero sentir afagos e ofegar de tudo que me posso permitir, de tudo que me faça tropeçar e também alçar vôo.
Quero vez em quando nada, como esse vazio aqui dentro que me preenche feito um copo vazio cheio de ar a se expandir!

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