terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Permanecer.

É a vontade de sentir o gosto.
A saudade de algo que nunca foi.
A vontade que dá para acontecer.
A delícia que surge no pensar "quem sabe"!

A cor que desbotou, que era romã,
A romã do quintal da Carioca, a romã das bochechas do menino dengoso.
Agora ocre, ocre pele, ocre caixa de papelão.. ocre!

Os olhos sempre marejados, marejados sem haver mar.
A lágrima que nunca cai, o brilho verniz que sempre fica,
Brilha feito água de tanque, segura feito borda de tanque cheio.

Boca de gritar "ai", mãos de apertar "ui",
Um infinito de interjeições, numa mente de números.
Um infinito de amor, numa mente de confusões.
Um infinito de encontrar-se, numa mente de perder-se.
Um infinito... um infinito!

São as romãs, das bochechas.
São as águas, dos olhos.
São os ocres, da pele.
São os "ais" os "uis", de nós.
São o infinito, de vós!

Um comentário:

Lua Durand disse...

que bonito o escrito, delicado e bonito!

"Os olhos sempre marejados, marejados sem haver mar. A lágrima que nunca cai, o brilho verniz que sempre fica..."

me lembrou o gosto da saudade salgada que é a que mais dói.

-

obrigada pelas visitas ao café, viu?

um cheiro