segunda-feira, 22 de abril de 2013

Da prece que não de Apresse.



Quando eu te vejo é para me colorir e me doer mais
Seus sabores quentes em minhas papilas
Seus odores marcantes em minhas narinas
Seus calores gélidos em minhas mãos
E teus suspiros enérgicos em minha audição.
Suas figuras desfiguradas nos meus desenhos em aquarela
Suas falsas solturas da minha mente amarela
Seus passeios terrenos e lúdicos em minhas pernas
Seus deleites soturnos e diários em minhas almofadas carmins
Sempre a levar o que há de bom, e descobrir o que há de malévolo em mim.
E eu com mania de perseguir o passado, feito cachorro atrás do rabo
Deixando tonto o nosso convívio
Fazendo torto o nosso encontro
Deixando passar as retas curvas da nossa infecunda teatralidade
Vendo-me perder totalmente a nossa poética realidade
E me afundando nessas minhas falsas praticidades.
É o encontro vivo entre meu rabo e minha cara
É o cachorro torto e tonto fora de mim
E dentro minha cadela inválida
Os peitos murchos, as boca flácida
E de repente a loba uivando e soltando mais falácias.
A sarna coçando por entre os dedos
A cólera empobrecendo meu apego
A fome secando minha carne de tanto medo, a fome do medo...
O ouro que antes via e não via me dando febre
O ferro podre envermelhando a minha branca neve fria pele
E meus pedaços doídos coloridos por te olhar novamente nessa podre semente que plantei para colher quaresmeiras em flor no meu enterro, enterro de preces ao ciclo da minha vida. 

quarta-feira, 10 de abril de 2013

De ontem.

Eu corri o dia para chegar até você
Corri os lençóis para chegar até você
Corri suas coxas pra chegar até você
Corri os seus seios pra chegar até você
Corri os seus lábios pra chegar até você
Corri os seus dedos pra chegar até mim
Corri seus quadris pra chegar até mim
Corri e corri... e agora me encontro aqui
Entregue, com seu gosto em mim, e o meu em ti.

domingo, 7 de abril de 2013

Das Querências.

Eu venho revendo nosso amor. Revendo as redes e a rede que me embrenhou.
Eu venho, venho revendo o nosso amor. E é tanto sofrimento que se fosse sem dor...
Eu venho, venho por meio desse amor avisar. Avisar que não to aqui pra sofrer, nem pra lamentar mais.
Avisar que não vou mais viver desses sonhos, desses pesadelos, desses 'come mente' que comumente me afetam.
Avisar que o meu partiu pra longe de você, e agora está aninhado aqui dentrinho do peito, e canta como curió, e salga feito água do mar e me completa sem precisar de ninguém.
Eu ouvi dois anjos em um. Ouvi meu orixá. Eu ouvi minha mãe me chamar de orgulho. Eu me ouvi precisando de mim. 
Eu senti teu beijo anjo dúbio, anjo mascarado que me desmascarou a dor. Senti teu beijo em meu sonho, com aquele mesmo calor desses doze anos de amor. E me bastou para crer que assim como disse-me, sou 'amor puro', o puro amor. Eu senti teu abraço anjo malino, que buliu meu coração e meus pensamentos e me fez enxergar que o meu lamento era não saber o que lamentar. E eu chorei, e me afoguei, e me afaguei, e vi que meu lamento é ter fugido de mim...
Olhe lá!!! Sou eu voltando pra casa!



P.S.: À Rafael Gabriel que me ensina como é bom me amar, e me doa um pouco dele, porque sabe que ele é parte de mim, e que eu preciso de mim.

Do que já se sabe.

Eu descobri. Descobri que o amor é pequeno demais para ser exemplo do que eu sinto aqui no peito. Esse sentimento cálido, calado, ardente e submerso em óleo fervente. É minha Ayurveda, meu Graal. E me dilacera e entristece, assim como me come com boca gulosa a estremecer minha própria gula, e me sorve em goles calmos a calar meus pecadinhos, e fazer-me berrar aquilo que não sentes mais. Logo, descobri que o 'tao' do amor dói.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Daquelas Setas no caminho.

Se há mais alma eu não sei. Sei que há mais lágrimas no peito que nos meus olhos, porque é muita inundação aqui dentro.
São as tristezas e as lembranças mornas de algo aqui quente e aí...
É tudo aquilo que me nega e me oferece de mal grado.
É tudo aquilo que me permite ser e me poda feito árvore que empurra o poste.
É a falta de energia elétrica, de água encanada, de semente para semear.
É um sentimento sem sentido que nos leva para a idade da pedra.
É um sentimento em seu sentido, que você não vê.
São as setas que aponto para você, sem arco, só o peito aberto e os braços escancarados.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Go".

Foi um pedaço de mim que se foi
A zabumba sem o grave
O triângulo sem o agudo
Eu e a Flor sem um jardim
Foi o que se foi
Foi aquele pedaço de mim!